“Toda Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão, para a correção, para a educação na justiça” (2Tm 3,16 ).
É
com convicção e firmeza que declaramos ser a única regra para governar a Igreja
a Palavra de Deus. Segundo o versículo acima citado, ela é apta para ensinar,
repreender, corrigir e instruir em toda a justiça, sem a intromissão de adendos
ou inovações perigosas que matam a espiritualidade.
Portanto,
os dons espirituais têm um papel muito importante na igreja, especialmente o
dom de profecia; porém o dom nunca poderá tomar o lugar da Palavra de Deus,
pois a verdadeira igreja é aquela que é regida tão-somente pela Palavra de
Deus.
Quando
lemos com atenção o Novo Testamento, notamos que as manifestações dos dons eram
visíveis na igreja primitiva; contudo não eram os dons que a regiam, mas o
conteúdo da revelação divina consubstanciada nas Escrituras (Jo 7.38).
Nesse
sentido temos os inequívocos e grandes exemplos na novel igreja do Novo
Testamento, quando, no primeiro concilio apostólico, o apóstolo Pedro
demonstrou o valor da Palavra de Deus, dizendo: "Varões irmãos, bem sabeis
que já há muito tempo Deus me elegeu dentre vós, para que os gentios ouvissem
da minha boca a Palavra do evangelho e cressem" (At 15.7).
Ainda
no mesmo concilio notamos mais uma vez a citação da Palavra de Deus, para
esclarecer, guiar e orientar (vv. 15-18).
Portanto,
em todas as questões da igreja primitiva, a Palavra foi consultada e as
decisões foram baseadas e resolvidas tão-somente de acordo com os ensinos da
Palavra de Deus, as Escrituras. Ainda que eles tivessem em grande estima o
valor dos dons, e apesar de a revelação e a profecia terem um papel proeminente
na igreja primitiva, os dons jamais definiram doutrina, jamais na igreja dos
apóstolos a profecia serviu para resolver casos: tudo era resolvido à luz da
Palavra de Deus.
Quando
o apóstolo Pedro falou sobre a profecia, é lógico que ele não se referia ao dom
na acepção restrita, mas à Palavra de Deus dada aos profetas como revelação
segura e única da vontade do Senhor (2 Pe 1.19-21).
É
pela Palavra de Deus que somos corrigidos e esclarecidos em todos os erros doutrinários,
tanto na forma como na prática, conforme 2 Timóteo 3.16.
O
apóstolo Paulo, em todas as suas resoluções doutrinárias, dá ênfase à Palavra de
Deus, pois por ela, até as profecias na igreja devem ter o seu julgamento
doutrinário, a fim de que não sejam usadas erradamente (1 Co 14.29-32; 1 Ts
5.20,21).
“Falem
os profetas, dois ou três, e os outros julguem". - Essa é recomendação do
apóstolo.
-
Julgar o quê? julgar a mensagem do que profetizou, se está segundo a doutrina (1
Tm 3.15; 4.13). - E depois, julgar como? – É lógico: julgar pela Palavra de
Deus.
Portanto,
não poderemos aceitar uma profecia por mais agradável que seja ou mesmo
qualquer revelação, se não tiver o apoio doutrinário na Palavra de Deus. Todas
as manifestações e resoluções devem submeter-se ao exame da Palavra de Deus, a
única autoridade para julgar.
Na
Epístola aos Hebreus 4.12, assim está escrito: "Pois a Palavra de Deus é
viva e eficaz, e mais cortante que qualquer espada de dois gumes, e que penetra
até a divisão da alma e do espírito, e juntas e medulas, e pronta para
discernir as intenções e pensamentos do coração".
É
lógico, pois, segundo o versículo acima citado, que tudo está sujeito à Palavra
de Deus. Infelizmente muitos erros doutrinários têm entrado na igreja, através
da porta da profecia e dos demais dons espirituais, por não serem confrontados
com a genuína fonte de revelação divina - a Palavra de Deus.
Através
da história da Igreja, notamos a manifestação de dogmas bárbaros e doutrinas de
demônios juntamente com os pensamentos de homens corruptos e privados da
verdade de Jesus Cristo (G1 1.6-11; 3.1-5; 4.9-11; 1 Tm 4.1-5; 2 Tm 3.5-9).
Portanto,
concluímos que os dons espirituais são realmente maravilhosos, contudo
necessitam de permanecer dentro da doutrina e têm de ser examinados pela
Palavra de Deus, infalível e imutável!
Podemos
ilustrar o assunto da seguinte forma: Estamos edificando um grande edifício - a
Igreja (1 Co 3.9; Ef 4.15,16). Ora, para a edificação espiritual, necessitamos
de andaimes (andaimes neste caso são os dons). Nas construções há necessidade
de que os andaimes estejam bem ajustados e nos devidos lugares. No edifício
espiritual, os andaimes, isto é, os dons espirituais, devem estar firmados na
doutrina da Palavra, a fim de que não haja desastre espiritual (Dt 32.1,2; Ec
12.11; 1 Co 14.39), etc.
O
Senhor Jesus fez uso da Palavra de Deus; venceu todas as tarefas, revelou os
problemas difíceis e pôs em fuga o Diabo, tudo porque usou a Palavra de Deus
(Mt 4.1-11; 22.23-32).
Qualquer
trabalho evangélico relacionado com a igreja necessita do apoio da Palavra de
Deus. Até mesmo as tarefas mais simples: cânticos, festividades que se organizam,
e visitas, devem ter o apoio da Palavra, do contrário, não terão aceitação aos
olhos do Senhor (SI 119.105; Cl 3.16). "Lâmpada para os meus pés é a tua
palavra". Logo, se a Palavra é a lâmpada, claro está que é para nos guiar
em toda a verdade de Deus.
Muitos
desprezam a Palavra de Deus para receberem a palavra de um homem e a recebem
cegamente, muito embora não tenha ela apoio na Palavra de Deus. Dizem outros
obviamente: "Nós obedecemos à Bíblia, de capa a capa", contudo estão
fora da doutrina da Bíblia.
A Palavra de Deus tem por objetivo o seguinte:
Iluminar o
espírito (SI 19.8; 119.30).
Instruir
para a esperança (Rm 15.4; 1 Co 10.11).
Capacitar
para salvação (1 Tm 4.16; 2 Tm 3.15).
Produzir
fé (Jo 17.20; Rm 10.17; 1 Jo 5.13).
Regenerar (Ef
5.26; Tg 1.18; 1 Pe 1.23).
Restaurar
a alma (SI 19.7; 119.81).
Santificar
(Jo 17.17; 1 Tm 4.5; 2 Tm 3.17).
Alimentar
espiritualmente (Dt 1 Pe 2.2).
Portanto,
a Palavra é a base segura para nossa salvação e governo da Igreja (1 Co 15.1,2;
Ef 1.13; Tg 1.21). Não devemos desprezar a Palavra de Deus, pois todas as
coisas foram criadas pela Palavra de Deus e por ela subsistem (Gn 1.1-3; Hb
1.3; 2 Pe 3.5-7). Destarte, a disciplina e a ordem dentro da Igreja devem ser
apoiadas na Palavra de Deus (1 Pe 2.22-25).
Tudo
tem de ser examinado na "Pedra de Toque" - a Palavra de Deus quer
seja doutrina, revelação ou nossa própria vida e trabalho. Assim fizeram os
nobres de Beréia (At 17.10,11), porque receberam a Palavra com toda avidez,
indagando diariamente nas Escrituras se estas coisas eram assim.
Conclusões:
1.
Deus usa a sua Palavra (Gn 1.3).
2.
Jesus Cristo usou a Palavra de Deus (Hb 10.7).
3.
O Espírito Santo tem a Palavra como espada (Ef 6.17) e pela Palavra Ele revela
os planos de Deus no terreno profético (At 1.16).
Infelizmente
muitos dizem que esperam a vontade do Senhor, quando já essa vontade se acha
revelada no plano de Deus. O que há para fazer é tão-somente obedecer à
revelação da Palavra de Deus, tal como fez Cornélio, ao ouvi-la dos lábios de
Pedro. Pela obediência, o centurião recebeu a Deus e a bênção (At 10.43,44).
Portanto,
é a Palavra de Deus que deve reger todo o curso da vida espiritual,
especialmente as reuniões, a fim de recebermos a divina aprovação e apoio da
revelação divina - a Bíblia Sagrada.
Exemplifiquemos,
para esclarecer: Há congregações que, para celebrarem a Ceia do Senhor, esperam
uma profecia, determinando que seja celebrada. Isto está errado, pois o Senhor
disse: "Fazei isso em memória de mim". E Paulo acrescenta:
"Todas as vezes" (Lc 22.19; 1 Co 11.26). Portanto, para tal ato não
há necessidade de revelação, pois já está revelado e ordenado na Palavra de
Deus, como se deve fazer.
Outros esperam uma revelação para disciplinar
alguém ou para receber em comunhão um membro excluído. Porventura estarão
agindo conforme manda o Senhor? Não, absolutamente, não. A Palavra de Deus
determina a exclusão ou a inclusão, segundo o proceder e o testemunho; até
setenta vezes sete, temos de perdoar o nosso irmão; quanto aos resultados
futuros, a responsabilidade pertence ao perdoado.
***
Fonte:
Confronto Doutrinario - João de Oliveira
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