segunda-feira, 12 de março de 2012

O ESPÍRITO NA IGREJA



 O advento do Espírito.

O que ocorreu no Pentecoste. O Salvador existia antes de sua encarnação e continuou a existir depois de sua ascensão; mas durante o período intermediário exerceu o que pode íamos chamar sua missão "temporal" ou dispensacional, e para cumpri-la veio ao mundo e, havendo-a efetuado, voltou para o Pai. Da mesma maneira o Espírito veio ao mundo em um tempo determinado, para uma missão definida, e partirá quando sua missão tiver sido cumprida. Ele veio ao mundo não somente com um propósito determinado, mas também por um tempo determinado. Nas escrituras encontramos três dispensações gerais, correspondendo às três Pessoas da Divindade. O Antigo Testamento é a dispensação do Pai; o ministério terrestre de Cristo é a dispensação do Filho; e a época entre a ascensão de Cristo e sua segunda vinda é a dispensação do Espírito. O ministério do Espírito continuará até que Jesus venha, depois virá outro ministério dispensacional. 

O nome característico do Espírito durante essa dispensação é "o Espírito de Cristo". Toda a Trindade coopera na plena manifestação de Deus durante essas dispensações. Cada um exerce um ministério terreno: 
o Pai desceu no Sinai; o Filho desceu na encarnação; o Espírito desceu no dia de Pentecoste. O pai recomendou o Filho (Mt 3:17); o Filho recomendou o Espírito (Ap 2:11), e o Espírito testifica do Filho (Jo 15:26). Como Deus, o Filho cumpre para com os homens a obra de Deus o Pai, assim o Espírito Santo cumpre para com os homens a obra de Deus o Filho. 
John Owen, teólogo do século dezessete, demonstra como, através das dispensações, há certas provas de ortodoxia relacionadas com cada uma das três Pessoas. Antes do advento de Cristo, a grande prova era a unidade de Deus, Criador e Governante de tudo. 

Depois da vinda de Cristo a grande questão era se a igreja, ortodoxa quanto ao primeiro ponto, receberia agora o Filho divino, encarnado, sacrificado, ressuscitado e glorificado, segundo a promessa. E quando a operação desse teste quanto à divindade de Cristo havia reunido a igreja de crentes cristãos, o Espírito Santo tomou-se proeminente como a pedra de toque da verdadeira fé. "O pecado de desprezar sua Pessoa e de rejeitar sua obra na atualidade é da mesma natureza da idolatria da antiguidade, e da rejeição da Pessoa do Filho por parte dos judeus.

"Assim como o eterno Filho encarnou-se em corpo humano no seu nascimento, assim também o Espírito eterno se encarnou na igreja que é seu corpo. Isso ocorreu no dia de Pentecoste, "o nascimento do Espírito". O que foi a manjedoura para o Cristo encarnado, assim foi o cenáculo para o Espírito. Notemos o que ocorreu nesse memorável dia.

(a) O nascimento da igreja. "E, cumprindo-se o dia de Pentecoste." Pentecoste era uma festa do Antigo Testamento que se comemorava cinqüenta dias depois da Páscoa, razão porque era chamado "Pentecoste", que significa "cinqüenta". (Lv 23:15-21.) 

Notemos sua posição no calendário de festas:

1) Primeiro vinha a festa da Páscoa, que comemorava a libertação de Israel do Egito na noite em que o anjo da morte matou os primogênitos egípcios enquanto o povo de Deus comia o cordeiro em suas casas assinaladas com sangue. Isto é um tipo da morte de Cristo, o Cordeiro de Deus, cujo sangue nos protege do juízo de Deus.

2) No sábado após a noite Pascal um molho de cevada, previamente disposto, era segado pelos sacerdotes e oferecido perante Jeová como as primícias da colheita. A regra era que a primeira parte da colheita devia ser oferecida a Jeová em reconhecimento do seu domínio e propriedade. Depois disso, o restante da colheita podia ser segado. Isto é um tipo das "primícias dos que dormem" (1Co 15:20). Cristo foi o primeiro a ser segado do campo da morte e a ascender ao Pai para nunca mais morrer. Sendo as primícias, ele é a garantia de que todos os que crêem nele o seguirão na ressurreição para a vida eterna.

3) Quarenta e nove dias deviam contar-se desde a oferta desse molho movido, e no qüinquagésimo dia — o Pentecoste — dois pães (os primeiros pães feitos da nova colheita de trigo), eram movidos perante Deus. Antes que se pudessem fazer pães para comer, os primeiros deviam ser oferecidos a Jeová em reconhecimento de seu domínio sobre o mundo. Depois disso, outros pães podiam ser assados e comidos. O seguinte é o significado típico: Os cento e vinte no cenáculo eram as primícias da igreja cristã, oferecidas perante o Senhor pelo Espírito Santo, cinqüenta dias depois da ressurreição de Cristo. Era o primogênito dos milhares e milhares de igrejas que desde então têm sido estabelecidas durante os últimos dezenove séculos.

(b) A evidência da glorificação de Cristo. A descida do Espírito Santo foi um "telegrama" sobrenatural, por assim dizer, anunciando a chegada de Cristo à destra do Pai. (At 2:23.) 
Um homem perguntou a seus sobrinhos enquanto estes estudavam a sua lição da Escola Dominical: 
"Como sabem vocês que sua mãe esta lá em cima?" "Eu a vi subir a escada", disse um." Você quer dizer que a viu começar a subir", disse o tio. "Talvez ela não tenha chegado lá, e ela pode não estar lá agora, mesmo que tenha estado lá." "Eu sei que ela está lá", afirmou o menor, "porque fui ao pé da escada, chamei-a e ela me respondeu." 
Os discípulos sabiam que seu Mestre havia ascendido, porque ele lhes respondeu pelo "som do céu"!

(c) A consumação da obra de Cristo. O êxodo não se completou senão cinqüenta dias mais tarde, quando, no Sinai, Israel foi organizado como povo de Deus. Da mesma maneira, o beneficio da expiação não foi consumado, no sentido pleno, até ao dia de Pentecoste, quando o derramamento do Espírito Santo foi um sinal de que o sacrifício de Cristo foi aceito no céu, e que o tempo de proclamar sua obra consumada havia chegado.

(d) A unção da igreja. Assim como o batismo do Senhor foi seguido por seu ministério na Galiléia, assim também o batismo da igreja foi um preparatório para um ministério mundial; um ministério, não como o dele, criador duma nova ordem de coisas, mas um de simples testemunho; entretanto, para ser levado a cabo unicamente pelo poder do Espírito de Deus.

(e) Habitação na igreja. Depois da organização de Israel no Sinai, Jeová desceu para morar no meio deles, sendo sua presença localizada no Tabernáculo. No dia de Pentecoste o Espírito Santo desceu para morar na igreja como um templo, sendo sua presença localizada no corpo coletivo e nos cristãos individuais. O Espírito assumiu seu oficio para administrar os assuntos do reino de Cristo. Esse fato é reconhecido em todo o livro de Atos; por exemplo, quando Ananias e Safira mentiram a Pedro, em realidade mentiam ao Espírito Santo que morava e ministrava na igreja.

(f) O começo duma nova dispensação. O derramamento pentecostal não foi meramente uma exposição miraculosa de poder com a intenção de despertar a atenção e convidar a que se inquirisse acerca da nova fé. Foi o princípio duma nova dispensação. Foi o advento do Espírito, assim como a encarnação foi o advento do Filho. Deus enviou seu Filho, e quando a missão do Filho havia sido cumprida, ele enviou o Espírito do seu Filho para continuar a obra sob novas condições.





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Fonte
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia

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