sábado, 12 de maio de 2012

O ESPÍRITO NA EXPERIÊNCIA HUMANA.



1. Convicção.

Em João 16:7-11 Jesus descreve a obra do Consolador em relação ao mundo. O Espírito agirá como "promotor de Justiça", por assim dizer, trabalhando para conseguir uma condenação divina contra os que rejeitam a Cristo. Convencer significa levar ao conhecimento verdades que de outra maneira seriam postas em dúvida ou rejeitadas, ou provar acusações feitas contra a conduta. Os homens não sabem o que é o pecado, a justiça e o juízo; portanto, precisam ser convencidos da verdade espiritual. Por exemplo, seria inútil discutir com uma pessoa que declarasse não ver beleza alguma numa rosa, pois sua incapacidade demonstraria falta de apreciação pelo belo. Precisa ser despertado nela um sentido de beleza; precisa ser "convencida" da beleza da flor. Da mesma maneira, a mente e a alma obscurecidas nada discernem das verdades espirituais antes de serem convencidas e despertadas pelo Espírito Santo. 

Ele convencerá os homens das seguintes verdades:

(a) O pecado de incredulidade. Quando Pedro pregou, no dia de Pentecoste, ele nada disse acerca da vida licenciosa do povo, do seu mundanismo, ou de sua cobiça; ele não entrou em detalhes sobre sua depravação para os envergonhar. O pecado do qual os culpou, e do qual mandou que se arrependessem, foi a crucificação do Senhor da glória; o perigo do qual os avisou foi o de se recusarem a crer em Jesus. Portanto, descreve-se o pecado da incredulidade como o pecado único, porque, nas palavras dum erudito, "onde esse permanece, todos os demais pecados surgem e quando esse desaparece todos os demais desaparecem". É o "pecado mater", porque produz novos pecados, e por ser o pecado contra o remédio para o pecado. Assim escreve o Dr. Smeaton: "Por muito grande e perigoso que seja esse pecado, tal é a ignorância dos homens a seu respeito que sua criminalidade é inteiramente desconhecida até que seja descoberta pela influência do Espírito Santo, o Consolador. A consciência poderá convencer o homem dos pecados comuns, mas nunca do pecado da incredulidade. Jamais homem algum foi convencido da enormidade desse pecado, a não ser pelo próprio Espírito Santo."

(b) A justiça de Cristo. "Da justiça, porque vou para meu Pai, e não me vereis mais" (João 16:10). Jesus Cristo foi crucificado como malfeitor e impostor. Mas depois do dia de Pentecoste, o derramamento do Espírito e a realização do milagre em seu nome convenceram a milhares de judeus de que não somente ele era justo, mas também era a fonte única e o caminho da justiça. Usando Pedro, o Espírito os convenceu de que haviam crucificado o Senhor da Justiça (Atos 2:36, 37), mas também ele lhes assegurou que havia perdão e salvação em seu nome (Atos 2:38).

(c) O juízo sobre Satanás. "E do juízo, porque já o príncipe deste mundo está julgado" (João 16:11). Como se convencerão as pessoas na atualidade de que o crime será castigado? Pela descoberta do crime e seu subseqüente castigo; em outras palavras, pela demonstração da justiça. A cruz foi uma demonstração da verdade de que o poder de Satanás sobre a vida dos homens foi destruído, e de que sua completa ruína foi decretada. (Heb. 2:14,15; 1João 3:8; Col. 2:15; Rom. 16:20.) Satanás tem sido julgado no sentido de que perdeu a grande causa, de modo que já não tem mais direito de reter, como escravos, os homens seus súditos. Pela sua morte, Cristo resgatou todos os homens do domínio de Satanás, devendo estes aceitar sua libertação. Os homens são convencidos pelo Espírito Santo de que na verdade são livres (João 8:36). Já não são súditos do tentador; já não são obrigados mais a obedecer-lhe, agora são súditos leais de Cristo, servindo-o voluntariamente no dia do seu poder. (Sal. 110:3.) 
Satanás alegou que lhe cabia o direito de possuir os homens que pecaram, e que o justo Juiz devia deixá-los sujeitos a ele. O Mediador, por outra parte, apelou para o fato de que ele, o Mediador, havia levado o castigo do homem, tomando assim o seu lugar, e que, portanto, a justiça, bem como a misericórdia, exigiam que o direito de conquista fosse anulado e que o mundo fosse dado a ele, o Cristo, que era o seu segundo Adão e Senhor de todas as coisas. O veredito final divino foi contrário ao príncipe deste mundo — e ele foi julgado. Ele já não pode guardar seus bens em paz visto que Um mais poderoso o venceu. (Luc. 11:21, 22.)

2. Regeneração.

A obra criadora do Espírito sobre a alma ilustra-se pela obra criadora do Espírito de Deus no princípio sobre o corpo do homem.
Voltemos à cena apresentada em Gên. 2:7. Deus tomou o pó da terra e formou um corpo. Ali jazia inanimado e quieto esse corpo. Embora já estando no mundo, e rodeado por suas belezas, esse corpo não reagia porque não tinha vida; não via, não ouvia, não entendia.
Então "Deus soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente". Imediatamente tomou conhecimento, vendo as belezas e ouvindo os sons do mundo ao seu redor. Como sucedeu com o corpo, assim também sucede com a alma. O homem está rodeado pelo mundo espiritual e rodeado por Deus que não está longe de nenhum de nós. (Atos 17:27.) No entanto, o homem vive e opera como se esse mundo de Deus não existisse, em razão de estar morto espiritualmente, não podendo reagir como devia. Mas quando o mesmo Senhor que vivificou o corpo vivifica a alma, a pessoa desperta para o mundo espiritual e começa a viver a vida espiritual. Qualquer pessoa que tenha presenciado as reações dum verdadeiro convertido, conforme a experiência radical conhecida como novo nascimento, sabe que a regeneração não é meramente uma doutrina, mas uma realidade prática.

3. Habitação.

 Leia João 14:17; Rom. 8:9; 1Cor. 6:19; 2Tim. 1:14: 1João 2:27; Col. 1:27; 1João 3:24; Apo. 3:20. Deus está sempre e necessariamente presente em toda parte; nele vivem todos os homens; nele se movem e têm seu ser. Mas a habitação interior significa que Deus está presente duma maneira nova, mantendo uma relação pessoal com o indivíduo. Esta união com Deus, que é chamada habitação, morada, é produzida realmente pela presença da Trindade completa, como se poderá ver por um exame dos textos supra citados. Considerando que o ministério especial do Espírito Santo é o de habitar no coração dos homens, a experiência é geralmente conhecida como morada do Espírito Santo.
Muitos eruditos ortodoxos crêem que Deus concedeu a Adão não somente vida física e mental mas também a habitação do Espírito, a qual ele perdeu por causa do pecado. Essa perda atingiu não somente a ele mas também os seus descendentes. Essa ausência do Espírito deixou o homem nas trevas e na debilidade espiritual. Quando, não logo, pouco a pouco, ataca essas falhas, uma após outra, ora estas ora aquelas, entrando nos mínimos detalhes de modo tão cabal que, não podendo escapar à influência do Espírito, um dia esse homem será perfeito, glorificado pelo Espírito, e resplandecente com a vida de Deus".

4. Recebimento dos dons.

Requisitos. Deus é soberano na questão de outorgar os dons; é ele quem decide quanto à classe de dom a ser outorgado. Ele pode conceder um dom sem nenhuma intervenção humana, e mesmo sem a pessoa o pedir. Mas geralmente Deus age em cooperação com o homem, e há alguma coisa que o homem pode fazer nesse caso. 

Que se requer daqueles que desejam os dons?

(a) Submissão à vontade divina. A atitude deve ser, não o que eu quero, mas o que ele quer. Às vezes queremos um dom extra-ordinário, e Deus pode decidir por outra coisa.

(b) Ambição santa. "Procurai com zelo os melhores dons" (1Cor. 12:31; 14:1). Muitas vezes a ambição tem conduzido as pessoas à ruína e ao prejuízo, mas isso não é razão de não a consagrarmos ao serviço de Deus.

(c) Desejo ardente pelos dons naturalmente resultará em oração, e sempre em submissão a Deus. (1Reis 3:5-10; 2 Reis 2:9, 10.) 

(d) Fé. Alguns têm perguntado o seguinte: "Devemos esperar pelos dons?" Posto que os dons espirituais são instrumentos para a edificação da igreja, parece mais razoável começar a trabalhar para Deus e confiar nele a fim de que conceda o dom necessário para a tarefa particular. Desse modo o professor da Escola Dominical confiará em Deus para a operação dos dons necessários a um mestre; da mesma maneira o pastor, o evangelista e os leigos. Uma boa maneira de conseguir um emprego é ir preparado para trabalhar. Uma boa maneira de receber os dons espirituais é estar "na obra" de Deus, em vez de estar sentado, de braços cruzados, esperando que o dom caia do céu.

(e) Aquiescência. O fogo da inspiração pode ser extinguido pela negligência; daí a necessidade de despertar (literalmente "acender") o dom que está em nos (2Tim. 1:6; 1 Tim. 4:14).

5. Glorificação.

Estará o Espírito Santo com o crente no céu? Ou o Espírito o deixará apos a morte? A resposta é que o Espírito Santo no crente é como uma fonte de água que salta para a vida eterna (João 4:14). A habitação do Espírito representa apenas o princípio da vida eterna, que será consumada na vida vindoura. "A nossa salvação está agora mais perto de nós do que quando aceitamos a Fé", escreveu Paulo, cujas palavras significam que experimentamos unicamente o princípio duma salvação que ser consumada na vida vindoura. 

O Espírito Santo representa o começo ou a primeira parte dessa salvação completa. Essa verdade tomará expressão sob estas três ilustrações:

(a) Comercial. O Espírito é descrito como "o penhor da nossa herança, para a redenção da possessão de Deus" (Efés. 1:14; 2Cor. 5:5). O Espírito Santo é a garantia de que a nossa libertação ser completa. é mais do que penhor; é a primeira prestação dada com antecedência, como garantia de que se completar o resto.

(b) Agrícola. O Espírito Santo representa as primícias da vida futura. (Rom. 8:23.) Quando um israelita trazia as primícias dos seus produtos ao templo de Deus, era esse um modo de reconhecer que tudo pertencia a Deus. A oferta duma parte simbolizava a oferta do todo. O Espírito Santo nos crentes representa as primícias da gloriosa colheita vindoura.

(c) Doméstica. Assim como se dá às crianças uma pequena porção de doce antes do banquete, assim na experiência do Espírito , os crentes por enquanto apenas "provaram... as virtudes do século futuro" (Heb. 6:5). Em Apo. 7:17 lemos que "o Cordeiro que está no meio do trono... lhes servirá de guia para as fontes das águas da vida". Note-se o plural nessas últimas palavras. Na vida vindoura, Cristo será o Doador do Espírito; o mesmo que concedeu uma prova antecipada, conduzirá seus seguidores a novas porções do Espírito e aos meios de graça e enriquecimento espiritual, desconhecidos durante a peregrinação terrena.




Fonte:
Conhecendo as Doutrinas da Bíblia

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comente sempre, será um prazer responder.